Corte de R$ 10 bilhões não é o ajuste fiscal brasileiro.
O governo anunciou que vai fazer um corte de R$ 10 bilhões este ano, mas a pergunta é: isso conseguirá evitar os problemas que estão pela frente: superaquecimento da economia, aumento da taxa de juros e a onda crescente de aumento de gastos públicos no governo Lula?
O primeiro deles é possível ser resolvido, já que reduzindo os gastos, diminui a demanda agregada, como dizem os economistas, então, é possível conter o superaquecimento que provoca inflação alta. De qualquer maneira, a inflação e a taxa de juros já estão subindo e não há tempo dessa decisão de controle de gastos afetar a taxa de inflação dos próximos meses. Isso deveria ter sido pensado antes. Então, a taxa de juros vai continuar subindo, o segundo problema.
O terceiro menos ainda. A onda crescente de aumento de gastos públicos no governo Lula não se resolve com R$ 10 bilhões. Ano após ano, o governo aumentou muito os gastos de pessoal, custeio, previdência, despesas que não podem ser reduzidas. Esses gastos subiram acima do crescimento do PIB, o que é ruim.
O economista Alexandre Marinis me apresentou dados impressionantes da Receita Corrente líquida antes e depois da crise. Antes, o governo gastava 79% dessa receita com pessoal, previdência e custeio. Durante a crise, cresceu - mas não para investimento, que subiu de 5% para 6% - para 88%.
A pretexto de combater a crise, o governo aumentou os gastos. Então, esses R$ 10 bilhões não são o ajuste fiscal brasileiro. Ele precisa ser feito e vai ser no próximo governo. Essa é a herança deixada pelo governo Lula.
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